quinta-feira, 14 de outubro de 2010

BERNARDINAS I


O abuso

E ele beijou o rabo do seu chefe
Pôs-se sala a fora
E com toda a repugnância do mundo
Sentiu a ânsia daquele que se vê no espelho
Após um porre num sábado qualquer




O trabalho

Como pude me vender por poucas moedas de prata ?
Como pude não ver mais o Sol poer  ?
Vendi-me como muitos por aí
Não fui eu que vendi o mundo
Eu vendi minha alma por poucas moedas de prata.




Top de linha

Vou romper com meu corpo
Abortar escarrar alojo
Um suicida nas linhas
            Nefastas do trem
Sempre vou além
Dos olhos da mente
Não vejo o quadro negro
Que tenta regurgitar seu saber em mim
Ó belo colorido de Miro
Ó dor no peito
Num rangir imperfeito
Efeito estufa
Envolvente como uma luva
Sou feito de silicato
Silício policarbonato
Sou o belo nos olhos do
Horrível
Sou o nada quando o tudo
Experimentou
Sou o aborto tecnológico
Sou o alge
O Top
Up
Down
O under
Sou o ínfimo
Sou quase tudo aquilo que
Eles quiseram para si.




Sou duro quanto a rocha , sou os olhos que vocês não quiseram para si

Não direi palavras doces
Sou diabético diante de tanto açúcar
Não farei poesias borboletas
A embelezar e flutuar com liberdade
Cantarei a verde bile nojenta que o
Bêbado cirrótico vomita no seu estado terminal
Ou então a dor do estupro da puta
Que sangra no ponto de ônibus
Contudo nada é mais grotesco quanto o
Homem-cão fuçando o lixo em busca de um
Podre pão.




Bacilos urbanos


Roem as unhas
Param no trânsito
Cospem nas calçadas
E aquela pomba sem uma das asas ?
Andam ofegantes
Sexo sexo sexo
Libido amor tristeza
Seres sem clareza
Vermelha ideologia bonita
Sons dissonantes rosnam
Não são animais ...
Chek chek chek
As próprias roupas se comem
Deixe-me saboreá-las
Ó carne flambada  no Sol
Mais um jogador que não joga
Vamos jogue-se daí , a vida
Não vale a pena , vale ?
Anormais imperfeitos
Deus deve ser feio
O homem criou a máquina
A máquina quer dominar o homem
E Deus ?
Ah ! este você compra em qualquer esquina .



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