terça-feira, 26 de outubro de 2010

UMA TEMPORADA NO PARAÍSO

"A sangria da mente
me traz ao juizo
das vitais."

A ENTREGA

Um aborto
gozou a morte
não  sou forte
entrego-me
não gosto
da vida
prefiro buscar
a partida
morte morte morte
que chora nas lágrimas
das velas
negrume intenso
o cheiro forte de incenso
alucina
vejo corvos a cantar
na árvore de galhos secos
e troncos podres
cadáveres no chão
piso neles e não sinto
compaixão
pálidas almas ambulantes
nas noites escuras
andam, ando e ando
encontro no meio da mata
o logar perfeito para o meu túmulo
deito e fecho meu olhos
num sono eterno e profundo.

O REPOUSO DE FLORA

Jogada as traças
Suplicavas aos Deuses
A doce harmonia
Das Flores

O começo foi no entanto
Feliz
Mas agora há
Quem diz
Que o final está
Por vir

Mofo, poeira
E ela fica
Jogada diante
Daquela lareira

Quer sorrir
Quer amar
Mas rosas negras
Vieram brotar
No seu  peito

Flora
Está fora
a espera  de
uma nova era.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

HOMENAGEM A ANA CRISTINA CÉSAR


















O ENIGMA DO PÉ

NO CONTORNO DO CINZA
VEJO O AMARELO
HEMORRAGIA INTERNA
MOLHA A CALÇADA
NAS FARDAS MOLHADAS.


OS GATOS

_ OLHE, VEJA AQUELA MULHER.
_MAS QUAL? AS QUE MARCHAM?
_ NÃO A QUE SOFRE!
_MAS SÃO TANTAS.
_ ESPECIALMENTE AQUELA, DE ALMA AMARELA.
_ AMARELA COMO NÓS?
_ AMARELA COMO TODOS NÓS!










sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Inconstantes



Cannis familiaris

Estou cansado de tanta estupidez
Estou cansado de estar cansado
De ter um sorriso falso
De omitir os  fatos
De ser mais um a  ser copiado
Venha eu te quero agora
Neste instante
Direi com todas as palavras que
Te odeio
Cadela



Não quero mais este horror que aflige meu peito
Insustentável sentimento que devora o ânimo de qualquer um
Dor maldita que nunca suaviza
Não me venhas com analgésico
A cada hora que se passa a dor intensifica mais
A cada passo o terrível peso do mundo sobre cai nos meus ombros
Quando a dor vai passar
Quando o dia voltará a clarear? 

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

TENSÕES PARANAENSES



Um recorte além artérias


Desviei minha mente para o além
Não queria pensar em ninguém
Mas que é isso ?
Rimas ?
Quão péssimo estou , que me provoca tais pieguices
Estranho estou
Com a face em belas olheiras negras e gigantescas
Que dia de bases soturnas passei
Melhor dizendo : dias
Tudo se resume a tédio
O resto é um belo aborto provocado por Citotec
Rubro e alvo
Nada a dizer nem a refletir
Somente a lamentar .
 


Éter

Infinitas tensões em mim
Tensões musculares , talvez
Não sou mais aquele que vivi ontem
Não tenho mais os amigos que tinha a uma semana atrás
Quem será eu amanhã ?
Um chapado inalando éter e recobrindo-me a verdes paredes gélidas
Seria aquele mendigo que amaldiçoado nas ruas a procura de alguma coisa que ele mal sabe que quer .
Seria talvez um pagão a idolatrar a luz prateada da lua que rompe a  janela do quarto
Num inverno de dias úmidos e quentes
Tão estranho quanto estes dias que me envolve
A vida me passas uma rasteira todos os dias
Um buraco no meu caminho
Um grande abismo
Estou a esmo de mim mesmo
A fenda da mente que regurgita toda esta dor
Aparece nestes dias para me arrasar
Arrastar para o fundo do poço
Um poço de chumbo e mercúrio
Sulforoso caminho até a escuridão
Sinto dizer que o doloroso caminho possui um anestésico
Éter em minhas veias
Eterno caminho para o nada
Um mergulho profundo neste litro.

  Ednilson Clayton Rogerio




Uma noite como qualquer outra

Pude no entanto transitar pela avenida
O caminho porém não me fez bem
A tristeza apoderou-me por inteiro
Era sabido que poderia acontecer isso
Mas eu como muito insistente não me conter  
Minhas veias gelaram diante o vento sul
A depressão mostrou-me toda  a repugnância
Pela vida existente neste corpo
Por que não morrer atropelado por um carro desgovernado
Diante de tanta dor n’alma ?
Por quê ?






Qual o tamanho da dor que sinto agora ?

Imensurável , de uma solidão tamanha
Na qual um azul profundo habitou minha alma de tal forma
Que o mundo conspirou contra mim
Uma sabotagem
Qual dor então habita ?
A negra , que corrói , sombria e fria
Desaba uma tristeza tamanha no meu peito sufocando-me
De uma forma que gaguejo quando falo
O ar fica denso e pesado
Não existem mais passos
Por mais que desejo ficar sozinho
Precisava de alguém ao meu lado
Ao meu lado coisa que nunca tive
Ao meu lado
A dor é tamanha que não tenho anima
Creio que já nasci assim
Seria minha cruz a carregar
É minha cruz a minha espada e meu ócio
Agora sinto muito , mas quanto já senti ? 


through

I wan't to go to the heaven
I wanna stay in the hell
I need to know something
about myself

BERNARDINAS I


O abuso

E ele beijou o rabo do seu chefe
Pôs-se sala a fora
E com toda a repugnância do mundo
Sentiu a ânsia daquele que se vê no espelho
Após um porre num sábado qualquer




O trabalho

Como pude me vender por poucas moedas de prata ?
Como pude não ver mais o Sol poer  ?
Vendi-me como muitos por aí
Não fui eu que vendi o mundo
Eu vendi minha alma por poucas moedas de prata.




Top de linha

Vou romper com meu corpo
Abortar escarrar alojo
Um suicida nas linhas
            Nefastas do trem
Sempre vou além
Dos olhos da mente
Não vejo o quadro negro
Que tenta regurgitar seu saber em mim
Ó belo colorido de Miro
Ó dor no peito
Num rangir imperfeito
Efeito estufa
Envolvente como uma luva
Sou feito de silicato
Silício policarbonato
Sou o belo nos olhos do
Horrível
Sou o nada quando o tudo
Experimentou
Sou o aborto tecnológico
Sou o alge
O Top
Up
Down
O under
Sou o ínfimo
Sou quase tudo aquilo que
Eles quiseram para si.




Sou duro quanto a rocha , sou os olhos que vocês não quiseram para si

Não direi palavras doces
Sou diabético diante de tanto açúcar
Não farei poesias borboletas
A embelezar e flutuar com liberdade
Cantarei a verde bile nojenta que o
Bêbado cirrótico vomita no seu estado terminal
Ou então a dor do estupro da puta
Que sangra no ponto de ônibus
Contudo nada é mais grotesco quanto o
Homem-cão fuçando o lixo em busca de um
Podre pão.




Bacilos urbanos


Roem as unhas
Param no trânsito
Cospem nas calçadas
E aquela pomba sem uma das asas ?
Andam ofegantes
Sexo sexo sexo
Libido amor tristeza
Seres sem clareza
Vermelha ideologia bonita
Sons dissonantes rosnam
Não são animais ...
Chek chek chek
As próprias roupas se comem
Deixe-me saboreá-las
Ó carne flambada  no Sol
Mais um jogador que não joga
Vamos jogue-se daí , a vida
Não vale a pena , vale ?
Anormais imperfeitos
Deus deve ser feio
O homem criou a máquina
A máquina quer dominar o homem
E Deus ?
Ah ! este você compra em qualquer esquina .



VINDO NA CALDA DO HARLEY


VINDO AO MUNDO NO DIA 12 DE JANEIRO DE 1980, NUMA MANJEDOURA NO PARAÍSO DO NORTE DO PARANÁ.
AOS SEIS MESES DE IDADE, REMOVIDO DO PARAÍSO FORA POSTO NO MEIO NA EFERVESCÊNCIA INFERNAL DA CAPITAL PAULISTA, ONDE QUE LÁ A INCOMPREENDIDA CRIANÇA JÁ DESPONTAVA TODA SUA CURIOSIDADE PELA VIDA.
O JOVEM FRANK EM MEIO DE TANTA VIOLÊNCIA E INFORMAÇÃO TRANSFORMOU SEU MUNDO NUM FANTÁSTICO SURREAL.
A ADOLESCÊNCIA PARTIU A CARA DE FRANK  TRANSFORMANDO-O EM UM CARA GRUNGE, NÃO  VIA MAIS MOTIVOS A LUTAR, LOGO PÔS-SE A ESCREVER COM TODA A SUA DEPRESSÃO.